quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Uma Breve História do Rock - The Rock is... Nevermind

Surgido na década de 50, celebramos atualmente quase 60 anos de Rock N' Roll. Durante todos estes anos vários artistas celebraram este gênero musical das mais diversas formas e estilos. Para quem não sabe, o Rock mantêm diversas variações de seu estilo (punk rock, hard rock, hardcore, etc.) e de tal forma também teve os seus altos e baixos.
No fim da década de 80, o Rock parecia estar recebendo a sua última pá de cal. Já não se ouvia rock como outrora. As bandas que surgiam não possuiam mais aquele conteúdo viceral com letras de protesto, muito menos líderes dispostos a lutar contra o sistema. O verdadeiro Rock N' Roll parecia estar no fim. Foi quando do meio do movimento grunge surge o Nirvana.
Fundada no ano de 1986 o grupo só começou a obter sucesso no início da década de 90 com o lançamento de seu primeiro álbum (Bleach). Com a formação clássica do Rock (guitarra, baixo e bateria) o Nirvana era formado por Dave Grohl (bateria), hoje no Foo Fighters, Krist Novoselic (baixo) e, a mente do grupo, Kurt Cobain (guitarra e vocal). Assim como a ave Phoenix, o Rock parecia ressurgir das cinzas com todas as suas forças, pronto para reinar por mais um longo período.
Em 1991 o álbum Nevermind (o segundo álbum da banda) é lançado e cai como uma bomba na imprensa musical, dilacera a mente dos adolescentes e todos respiram aliviados: o Rock não morreu. Nevermind bate todos os recordes da época e mantém alguns até hoje. A canção que abre o disco, Smells Like Teen Spirit, está entre as 20 melhores músicas da história, além de ser considerada a segunda melhor música dos últimos 20 anos. Nevermind havia vendido até 2009 cerca de 26 milhões de cópias e teve sua capa considerada a melhor da história da música, conforme pesquisa promovida pela revista eletrônica Gigwise.
Como tudo que é bom parece durar pouco, em 1994, contando com seis álbuns na carreira, o líder da banda, Kurt Cobain, se mata com um tiro na cabeça provocando uma onda de suicídios por parte de jovens que o idolatravam. Segundo a sua autópsia, Cobain teria heroína suficiente no organismo para morrer mais três vezes. Era o fim do Nirvana e do sonho de reinado do Rock por longos anos.
A banda acaba mas o seu legado fica, assim como a pergunta: o Rock morreu? Alguns dizem que "The Rock never die" (O Rock nunca morre), outros que ele só está vivo graças aos dinossauros do Rock. O que você acha? O certo é que, outra banda como o Nirvana não teremos tão cedo.

Baixe aqui o álbum Nevermind

Assista ao clipe da música Smells Like Teen Spirit

Abaixo a capa do álbum Nevermind, considerada a melhor capa da história da música:


Carta de despedida de Kurt Cobain:

Para Boddah
Falando como um simplório experiente que obviamente preferiria ser um efeminado, infantil e chorão. Este bilhete deve ser fácil de entender.
Todas as advertências dadas nas aulas de punk rock ao longo dos anos, desde minha primeira introdução a, digamos assim, ética envolvendo independência e o abraçar de sua comunidade, provaram ser verdadeiras. Há muitos anos eu não venho sentindo excitação ao ouvir ou fazer música, bem como ler e escrever. Minha culpa por isso é indescritível em palavras. Por exemplo, quando estou atrás do palco, as luzes se apagam e o ruído ensandecido da multidão começa, nada me afetava do jeito que afetava Freddie Mercury, que costumava amar, deliciar com o amor e adoração da multidão – o que é uma coisa que totalmente admiro e invejo. O fato é que não consigo enganar vocês, nenhum de vocês. Simplesmente não é justo para vocês e para mim. O pior crime que posso imaginar seria enganar as pessoas sendo falso e fingindo que estou me divertindo 100 por cento. Às vezes acho que eu deveria acionar um despertador antes de entrar no palco. Tentei tudo que está em meus poderes para gostar disso (e eu gosto, Deus, acreditem-me, eu gosto, mas não o suficiente). Me agrada o fato de que eu e nós atingimos e divertimos uma porção de gente. Devo ser um daqueles narcisistas que só dão valor às coisas depois que elas se vão. Eu sou sensível demais. Preciso ficar um pouco dormente para ter de volta o entusiasmo que eu tinha quando criança. Em nossas últimas três turnês, tive um reconhecimento por parte de todas as pessoas que conheci pessoalmente e dos fãs de nossa música, mas ainda não consigo superar a frustração, a culpa e a empatia que tenho por todos. Existe o bom em todos nós e acho que eu simplesmente amo as pessoas demais, tanto que chego a me sentir mal. O triste, sensível, insatisfeito, pisciano, pequeno homem de Jesus. Por que você simplesmente não aproveita? Eu não sei! Tenho uma esposa que é uma deusa, que transpira ambição e empatia, e uma filha que me lembra demais como eu costumava ser, cheia de amor e alegria, beijando todo mundo que encontra porque todo mundo é bom e não vai fazer mal a ela. Isto me aterroriza a ponto de eu mal conseguir funcionar. Não posso suportar a idéia de Frances se tornando o triste, autodestrutivo e mórbido roqueiro que eu virei. Eu tive muito, muito mesmo, e sou grato por isso, mas desde os sete anos de idade passei a ter ódio de todos os humanos em geral. Apenas porque parece muito fácil se relacionar e ter empatia. Apenas porque eu amo e sinto demais por todas as pessoas, eu acho. Obrigado do fundo de meu nauseado estômago queimando por suas cartas e sua preocupação ao longo dos anos. Eu sou mesmo um bebê errático e triste! Não tenho mais paixão, então lembrem, é melhor queimar do que se apagar aos poucos. Paz, Amor, Empatia. Kurt Cobain.
Frances e Courtney, estarei em seu altar. Por favor, vá em frente, Courtney, por Frances. Pela vida dela, que vai ser tão mais feliz sem mim.
EU TE AMO, EU TE AMO!



quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Incentivo Não Muito Incentivador


Nos tempos de hoje, viver - ou até mesmo sobreviver - da arte se tornou o sonho de todo artista. Todos que trabalham com arte, seja ela qual for, sabem o quão pouco é valorizado o trabalho artístico em nosso país. "Ir ao teatro pra quê?" questionam pais de família; "Aprender artes não vai ajudar em nada na minha vida.", afirma a aluna; "Balet que nada! Você vai é trabalhar!" impõe a mãe; "Arte é coisa de vagabundo, de maconheiro..." decreta a sociedade. Por essas e outras, que conseguir um icentivo para desenvolver um trabalho artístico ficou tão difícil.
Com o surgimento da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (digo a do estado de Minas Gerais, pois não tenho conhecimento das outras) a vida do artista parecia estar mudando de rumo. Uma dignidade maior estava a caminho. O governo liberaria parte do ICMS das empresas para que elas incentivassem a cultura (qualquer tipo de cultura, não só a artística) no estado e dessa forma ainda, se benefeciarem com a divulgação de sua marca. Para ser beneficiado pela lei, o proponente (pessoa que deseja realizar uma atividade cultural) deve formular um projeto e enviar a Secretaria de Cultura do estado e a partir daí, torcer para que seu projeto seja aprovado. Após a aprovação, cada proponente deve entrar em contato com empresas com potencial de incentivo para que elas liberem a verba e aí é só fazer aquilo que sabe: trabalhar.
Com o tempo, os artistas foram vendo que a coisa não era bem assim. O sonho de ter um incentivo para realizar seu projeto e viver dignamente de seu trabalho estava virando um pesadelo. Descobriu-se que aprovar um projeto na lei era fácil, o difícil era conseguir a captação de recurso junto às empresas. Não basta ter um projeto aprovado, você deve convencer a empresa de que incentivar seu trabalho é bom para ela (como se já não fosse bom o fato dela ter seu nome vinculado a um projeto o qual ela, de certa forma, nem retiraria dinheiro de seus cofres). As empresas então começaram a escolher projetos que a beneficiam diretamente, que falem daquilo que ela deseja. Por exemplo, se você tem a intenção de montar um espetáculo que questione o desmatamento e o uso de substâncias poluentes por algumas indústrias, você dificilmente conseguirá incentivo para seu trabalho. Para ter certeza de que irá conseguir a tal captação, o artista precisa se "prostituir", buscando fazer projetos que exaltem a colaboração de empresas para o meio ambiente e seus projetos de sustentabilidade que, no caso de algumas, sabemos que é apenas uma fachada para ludibriar a população e o governo. Projetos já estáveis e artistas renomados, que conseguem se manter bem sem estes incentivos, passaram também a ser o alvo destas empresas para liberarem o incentivo. Não que estes artistas não mereçam receber também este apoio. Eles são reconhecidos justamente por terem trabalhado muito e merecem desfrutar disso agora. O que acontece é que nenhuma empresa parece querer vincular seu nome a um artista desconhecido e também não fazem a menor questão de conhecer o seu trabalho, para desta forma julgar se ele é digno ou não de tal apoio.
Não é difícil (pelo contrário, é muito fácil) encontrar proponentes com os olhos brilhando ao verem seu nome na lista de aprovados da lei de incentivo - eu mesmo já fui um mais de uma vez - e abaixo aquela cifra considerável para a realização de seu sonho, porém os sorrisos de alegria do artista pela aprovação de seu projeto na lei acaba sendo ofuscado pela decepção ao fim do ano ao não conseguir o tão desejado apoio. Mesmo recorrendo à empresas que trabalham exclusivamente com essa parte de captação (e recebem uma parte do projeto aprovado), o fim da maioria é perda do projeto.
Que este desabafo sirva de alerta para a classe artística, e porque não dizer cultural, que se sente prejudicada ou desmotivada a relizar seu trabalho tão fundamental, como qualquer outro, à sociedade. Todos precisam se unir para que este quadro se reverta. O artista tem de ter sua própria voz, criar a sua arte questionadora e não ser alvo de censura através de um dinheiro atravessado pelas empresas. Da mesma forma, as empresas devem começar a enxergar nos artistas parceiros e um "trampolim" para relacionar a sua empresa como incentivadora da arte e cultura no país. E, por fim, o governo precisa rever seus conceitos e reformular suas leis, para benefício da população, que é para quem ele trabalha.
Vamos manter a arte e a cultura de nosso país. Elas fazem parte de nossa educação e são também a nossa memória.

Leia este artigo e outras notícias através do jornal virtual Via Fanzine

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Clockwork Orange

Nunca um diretor de cinema foi tão genial ao ponto de sintetizar a alma humana e ao mesmo tempo prever um futuro tão egocentrista quanto Stanley Kubrick em seu clássico Clockwork Orange (Laranja Mecânica). Um filme arrebatador, divertido e fascinante. O que não faltam são adjetivos para classificá-lo.
Produzido no ano de 1971, o filme conta a história do jovem Alex (interpretado brilhantemente por Malcom McDowell) e sua gangue, que saem disseminando "ultra-violência" por onde passam. Roubo, espancamento, estupro, nada é tabu para ele e seus "drugues".
O que causa mais fascínio é o fato de que o mesmo delinquente se torna vítima do sistema, através de mecanismos políticos, religiosos, familiares e educacionais. Alex se torna cobaia de um experimento científico que visa acabar com a violência fazendo com que o indivíduo não possa utilizar do seu livre arbítrio.
Para criar toda esta trama, Kubrick cria uma sociadade atemporal em um lugar fictício criando também uma juventude com suas próprias gírias e ideais, fazendo com que o espectador se envolva com a trama passando a conhecer a mente deste jovem e, assim como descreveu platão em sua Arte Poética, sinta temor e compaixão. Ao mesmo tempo que Alex é o vilão da história, ele também se torna o mocinho. Pode-se perceber que ao mesmo tempo que ele é o causador de toda uma onda de perversão social, ele também é ultrajado por aqueles a quem ele feriu (fisicamente ou moralmente) e alvo de vingança da sociedade. O diretor levanta uma questão naquela época, que até hoje nos acompanha: O cidadão é fruto do meio em que vive?
A trilha sonora, chefiada por Ludwig Van Beethoven, faz com que a "viajem" seja ainda mais prazerosa e alucinógena.
Com quatro indicações ao Oscar, o filme foi vencedor dos prêmios de Melhor Filme e Melhor Direção da Associação dos Críticos de Cinema de New York.
Um filme tão magnífico e marcante que inspirou e influenciou vários outros artistas. Até hoje vemos a marca da Laranja Mecânica em várias obras.
Obrigatório a todos. Bom filme!
Assista o trailer do filme
Baixe a trilha sonora de Clockwork Orange

Abaixo alguns temas inspirados em Clockwork Orange

















quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Uma Breve História do Rock - Abrindo as Portas


Sexo, drogas e rock and roll. Nunca esta frase foi tão bem aplicada a uma banda quanto ao The Doors. Abusando desta trilogia é que surge na década de 60, em pleno "paz e amor", uma das bandas mais influentes do rock. Criada por dois jovens estudantes do curso de cinema da UCLA (James Douglas Morrison e Raymond Daniel Manzarek), o The Doors chega trazendo consigo temas perenes: medo, terror, pavor, violência, culpa sem possibilidade de redenção, os desencontros do amor e a inevitabilidade da morte.
Junto com a banda surge um dos maiores mitos do rock mundial, o seu vocalista e principal letrista, Jim Morrison. O rei lagarto ou Mr. Mojo Rising (anagrama do seu nome), como se autointitulava, era o centro das atenções da banda. Suas performances no palco levavam a platéia ao delírio. Era como se o próprio Dionísio houvesse descido na terra e disseminasse a orgia entre as pessoas.
Assassinato do pai e em seguida sexo com a mãe, através desta analogia à Édipo Rei a canção "The End" bota fim a todas regras. Inspiração era o que não faltava. Plagiando Sófocles, exaltando Rimbaud até chegar em Aldous Huxley, de cujo livro seu, The Doors of Perception, foi retirado o nome da banda, que por sua vez teve emprestado de um verso do poema do artista do século XIX William Blake: "If the doors of perception were cleansed, every thing would appear to man as it is: infinite" (Se as portas da percepção fossem abertas, tudo apareceria como realmente é: infinito).
Em 1971 as portas se fecharam para sempre para a banda, após a morte de Jim Morrison em Paris - o que ainda é um mistério para muitos - mas podem ainda serem abertas por seus fãs através do magnífico acervo deixado por ela.
Por isso, quando ouvirem The Doors, se deixem entorpecer pelo rito xamanístico de Morrison, montem a serpente e embarquem no ônibus azul da psicodelia.

Baixe aqui, Light my Fire, um dos maiores clássicos da banda
Veja uma das memoráveis performances de Jim Morrison e banda nos palcos: The End

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Criando uma Identidade

Este post é para comentar sobre minha nova paixão na arte: o design de logomarcas.
Participo de um grupo de teatro, junto a alguns amigos, e há um tempo, estávamos atrás de pessoas que criassem uma identidade visual para divulgarmos o Peripatéticos (nome do grupo). O problema maior era a questão financeira. Os profissionais desta área, cobram um preço salgado para desenvolverem tal arte e aqueles que se propuseram a fazer a partir de um preço "camarada", não tinham o devido comprometimento com o trabalho.
Foi aí então que me veio uma ideia: se eu tenho interesse por arte gráfica e criar, por que então não faço a nossa própria logo? A dificuldade era mexer com programas e ainda mais que eu nem os tinha. Eis então que a globalização me ilumina e pela internet consegui baixar um programa específico para criar logomarcas. Sentei em frente ao meu pc e "fritei" tentando descobrir, sozinho, como domar tal "criatura". A medida que fui criando a logo ia usando meus amigos Cleimar e Bruno - os quais conversava pelo msn - como cobaias. Criava uma logo e enviava para eles, esperando uma resposta positiva. E assim passei uma tarde inteira, nesta arte-terapia, até que cheguei, junto a eles, em um resultado satisfatório e enfim o Peripatéticos agora tem sua identidade visual.
Gostei tanto de fazer isso, que acabei criando diversas variações da logo e ainda criei uma identidade para meu blog (esta que vocês vêem quando o acessam). O negócio foi ficando tão interessante, que já até criei uma identidade para um produto que nem é meu. Resolvi então assumir de vez o trabalho e agora crio identidades visuais para empresas, blogs, grupos e o que mais for de interesse do cliente. É óbvio que é apenas um trabalho free lance, para tirar um por fora. Mais em tempos de escassez salarial, quer coisa melhor que fazer seu próprio horário e trabalhar em casa fazendo o que lhe dá prazer?
Abaixo estão algumas das logos que eu criei para vocês verem e avaliarem se gostaram ou não. Quem sabe você não será meu próximo cliente?

















Logo do Armazém de Ideias sem a escrita (acima)
Abaixo uma das variações da logo do Peripatéticos


















Logo da Nazareth Artesanatos de Itaúna-MG:











































































terça-feira, 17 de agosto de 2010

Uma Breve História do Rock - A Última Experiência


The Jimi Hendrix Experience. Assim o anjo negro da guitarra denominou a banda que o projetou para o sucesso. Como o próprio nome sugere, Jimi Hendrix era um experimentador fascinado pelo desenvolvimento das técnicas de gravação e efeitos, que mais tarde montaria seu próprio estúdio (o Electric Lady, em New York). Electric Ladyland é o último álbum dele com o Experience (Noel Redding no baixo e Mitch Mitchell na bateria), onde o trio consegue uma interação perfeita entre o ao vivo e o experimental. O álbum expõe as "drogas" mais pesadas que fizeram a cabeça de Jimi: o blues, o funk e o rock n' roll. Nele encontramos faixas magníficas como "Voodoo Chile" e "Crosstown Traffic", além da versão definitiva para uma canção de Dylan ("All Along The Watchower").


Confira a performance do The Jimi Hendrix Experience, no youtube, tocando o clássico Voodoo Chile.

Baixe também aqui o ábum Electric Ladyland e confira esta obra prima.


quarta-feira, 4 de agosto de 2010

DEVANEIOS CONTEMPORÂNEOS SOBRE DOM QUIXOTE DE LA MANCHA


Aqui estou eu, um ator do século XXI; dos tempos modernos; da alta tecnologia às voltas com uma obra literária clássica. Não apenas uma obra, mas sim “a obra”. Trata-se de El Ingenioso Hidalgo don Quijote de la Mancha, o nosso famoso dom Quixote, de Miguel de Cervantes Saavedra. Uma obra que atravessou quatro séculos para me atormentar nos dias atuais.
Assim como tantos – escritores, pintores, escultores e pessoas simplesmente com o péssimo hábito da leitura – me apaixonei por esta esplêndida e cruel obra, a ponto de possuir dez diferentes volumes sobre a história de nosso famoso fidalgo. Desde uma edição espanhola de 1878 a uma miniatura, contendo toda a história na íntegra, onde só pode ser lida (acredite se quiser) se usada uma lupa.
Toda esta fixação me fez investir em um projeto megalomaníaco, ao meu ver, onde resolvi montar a novela de Cervantes para teatro de rua usando uma linguagem contemporânea, o que para mim é quase um paradoxo, pois, como transportar esta figura do século XVII, tão presente no imaginário popular, para os dias atuais?
Pode parecer óbvio para você, caro leitor, onde devesse eu me apoiar para realizar a minha difícil tarefa de transcriação literária: este mundo, cheio de injustiças, em que vivemos; guerras devastadoras por coisas tão ínfimas; o homem destruindo o seu próprio habitat para uma suposta evolução; – e o que mais se parece com nossos dias atuais – a falta de figuras ideológicas, utópicas, que queiram desfazer agravos e endireitar tortos. Um herói, mesmo que seja um anti-herói, para trazer esperança a um mundo esquecido, uma Idade de Ouro perdida para sempre em nossa eterna Idade de Ferro. Um dom Quixote e seu fiel escudeiro Sancho Pança. Despreparados para encarar tais aventuras, mas com vontade de mudar as coisas ao seu redor.
Eis a pergunta que faço, não só a você mas também a mim, e que me atormenta tanto nesta minha longa e árdua jornada (ou seria aventura?): onde está dom Quixote? Ou seria melhor dizer: onde estão nossos dons Quixotes? Quem são eles? Quando irão se despertar; se enlouquecer e sair pelo mundo contagiando uma legião de escudeiros para acompanhar-lhes nesta difícil aventura.
Digo que todos devemos ser Sanchos, mesmo que não haja ilhas a que governar, nem ruços a que cavalgar. Aceitar as pauladas que nos derem e os manteamentos que nos alçarem aos céus. Devemos ser Quixotes, mesmo sem Dulcinéias a quem servir – pois mesmo a própria foi uma desculpa criada para se lançar ao mundo – ou sem Rocinantes a quem se apoiar. Exércitos ou carneiros; castelos ou vendas; princesas ou meretrizes; gigantes ou moinhos de vento. Não importa o que vier pela frente. Precisamos da loucura utópica de um dom Quixote para que nossa época não se torne uma lacuna na história.
Há algum tempo escolhi ser um dom Quixote e espero realizar uma parte desta utopia através deste espetáculo. Para isso encontrei alguns companheiros que fossem comigo nesta jornada. Seriam eles novos Sanchos, ou assim como eu outros Quixotes. Não sei responder. Sei apenas que será uma aventura prazerosa, onde participar da luta é mais gratificante que ganhar a guerra.

Samir Antunes
05/03/2010

Texto criado para o processo de montagem do espetáculo Don Quijote do Grupo Peripatéticos.
Leia este texto também, e outros, no jornal virtual Via Fanzine.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Armazém de "Idéias" ou Amador também é Gente

Desde criança já cultivo esta minha paixão pelo teatro. Assim como todo ator profissional, um dia já fiz teatro na escola, na igreja, em gincanas de bairro, o chamado teatro amador.
Em 1995, meu sonho de participar de um grupo teatral se realizou. A partir de uma oficina que havia feito, fui convidado a entrar para em tal grupo e ainda participar de sua nova montagem, que estava prestes a estrear. Não poderia haver notícia melhor: iria subir em um palco de teatro pela primeira vez. Apresentar para uma plateia que havia pago para nos ver.
Mesmo assim, descobri que eu e meu grupo não éramos profissionais. Ainda não vivíamos de tal profissão - e nem tínhamos o bendito registro profissional. Mas isso pouco importava a mim e a meus colegas de grupo. Começamos a montar esquetes por conta própria, para apresentarmos em um festival anual que acontecia na cidade, fizemos um grupo paralelo ao nosso e mandamos ver. Era impressionante o "profissionalismo" que todos tinham ao levantar cedo, até mesmo em fins de semana, para comparecer aos ensaios. Confeccionávamos nossos próprios figurinos, textos, cenários e apresentávamos como se aquilo fosse a coisa mais importante do mundo naquele momento - e era. Ganhar?! Que nada. Até ganhamos alguns bons prêmios. Mas não era isso que importava. O que valia, era o fato de estar ali; o fato de poder dizer algo às pessoas que foram nos prestigiar e a sensação de estar fazendo história. E foi em uma dessas montagens que surgiu o Armazém de Idéias - na época ainda com acento. Um monte de moleques se divertindo em cima do palco, contando suas aventuras, sonhos, paixões e desilusões. Essa apresentação foi um divisor de águas em minha vida e na de meus amigos, acredito eu. Foi tão marcante em minha vida, que hoje tenho este blog e o nome não podia ser outro que não Armazém de Ideias - já sem o acento.
Hoje sou profissional, graduado e com o famoso papelzinho na carteira de trabalho que me define como tal. Ainda busco viver com mais dignidade de profissão tão nobre e desvalorizada nesse país, porém não perco aquela chama das épocas de "amador", pois é ela que me sustenta ainda para seguir em frente.
Quero neste momento parabenizar a todos os amadores - assim como eu e meus amigos fomos -que fazem teatro com prazer e se divertem fazendo isso. Continuem sendo amadores no termo, mas profissionais na vontade de atuar, mesmo que lhes digam que não o são.


Os atores da esquete Armazém de Idéias: Júnior Fonseca, Tiago Quites, Aldair Silva, Cleimar Menezes, Osvaldo Soares, Bruno Assunção e Samir Antunes.
Felizes amadores.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Uma Breve História do Rock - The King


Minha primeira postagem referente ao mundo do Rock não podia ser de outra pessoa que não ele, Elvis Aaron Presley, um jovem do Mississipi que entre as profissões de caminhoneiro e sargento do exército norte-americano, arranjou um tempo para se tornar o Rei do Rock. Elvis the pelvis, como era chamado, revolucionou o estilo musical com seu jeito de tocar, cantar e dançar. Com músicas e letras memoráveis, entrou para sempre no Hall of Fame e na história do Rock and Roll e de quebra atuou em filmes que entraram para a história - como Jailhouse Rock - da 7ª arte. Confiram uma de suas mais memoráveis performances em um de seus clássicos.

Assista o vídeo pelo youtube: http://www.youtube.com/watch?v=2e3CFIHCe8M

Você pode baixar esta música também: http://www.4shared.com/audio/_k9Mw9wv/Elvis_Presley_-_My_Way.htm

Um Outro Trabalho

Mais uma de minhas telas para vocês apreciarem, refletirem, comentarem e criticarem.
Criada em um período em que eu ainda era aluno do curso de artes cênicas da UFOP, a tela foi criada englobando, além de coisas do meu cotidiano, situações vividas no curso, que na época dispunha de uma estrutura precária.

Indagações Acerca de nossa Imaginação


Você já inventou estórias para seus amigos tão maravilhosas, fantásticas e geniais, que em determinados momentos chegou a se perguntar se elas realmente eram fantasiosas ou a mais pura verdade? Já ouviu casos curiosos, mas que, com a devida pitada de imaginação poderiam ficar bem mais apreciáveis aos ouvidos da platéia presente? Você já leu um livro ou assistiu a um espetáculo teatral, que de tão formidável a história passou a se sentir uma personagem dela e acreditar que era possível realizar todos aqueles feitos heróicos, descomunais, vis, extraordinários, e até mesmo patéticos, criados por seu autor?
Se fizermos todas estas indagações a uma criança, provavelmente ela saberá muito bem do que elas se tratam, mas terão dificuldade em compreender qual a razão de inúmeras questões, visto que seria óbvio e – o que é ainda melhor – extremamente divertido poder ser mais que uma simples pessoa, que trabalha para pagar suas dívidas todo o fim de mês, poder ser fantástico; ser vilão e mocinho; acreditar que é o pirata ou mesmo o garoto perdido que não queria crescer. Que estupendo poder se encontrar no País das Maravilhas só para poder ficar minúsculo, como uma formiga, e de repente gigante, como moinhos de vento! A criança é um contador de estórias em potencial; um verdadeiro pescador que joga a sua isca, e quando menos esperamos, estamos fisgados por sua pureza.
Diante de tudo isso, me deparo em mais uma indagação: Por que os adultos não conseguem ter este tipo de imaginação? Ou melhor: Por que lhes é vedado ter uma mente ainda tão infantil? Não o infantil das irresponsabilidades ou da imaturidade, mas o infantil do divertimento; da fantasia; da beleza nas coisas pequenas; da alegria que transforma a vida daquele que caiu em tristeza. A seriedade do dia-a-dia bloqueou a sensibilidade adulta. Construímos muros ao invés de pontes.
Se você é adulto e suas respostas para todas aquelas indagações iniciais são um SIM, não perca esta luz que você carrega e dissemine-a por todos ao seu redor, para que eles também aprendam como é bom enxergar além dos concretos que nos cercam. Agora, se suas respostas forem um não... Conviva mais com as crianças. Aprenda com elas como podemos ser vários e continuar sendo nós mesmos. Veja como a vida pode ser mágica sem perder a seriedade. Afinal, você quer ser autor apenas de sua vida, ou personagem na vida de milhares de outras pessoas?

Samir Antunes


O texto acima foi criado para o processo de montagem do espetáculo don Quijote após os atores terem assistido ao filme Big Fish, de Tim Burton.
Leia Alice no País das Maravilhas pela internet ou baixe:
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/alicep.html
Leia também
Indagações Acerca de nossa Imaginação no jornal virtual Via Fanzine.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Ouro Preto Reciclada

No campo das artes, uma outra grande paixão minha é a fotografia. O olho do fotógrafo passa a ser também o nosso através do registro de um momento. Você pode ver várias fotos de um mesmo lugar ou objeto, mas nunca o sentimento transmitido por aquela imagem será o mesmo. Cada retrato tirado por alguém tem uma história diferente e podemos compartilhá-la mesmo não estando presentes naquele local e momento. Podemos conhecer lugares e pessoas e até mesmo nos horrorizar com a fúria da natureza e as barbáries do ser humano.
Morador da cidade de
Ouro Preto/MG à sete anos, o que não me falta são lugares lindos para fotografar. Uma cidade bonita por sua arquitetura e também por sua própria natureza. Mas como toda cidade, Ouro Preto também tem seus problemas, e um deles é um certo descuido no que diz respeito a sua limpeza. São encontradas poucas lixeiras na cidade e os cidadãos e turistas ainda despejam seu lixo nas ruas, dificultando cada vez mais o trabalho dos funcionários da limpeza pública. Não é difícil transitar pela cidade e ver nos córregos - usados como esgoto a céu aberto - os mais diversos tipos de lixo (garrafas pet, sacos plásticos, caixas de papelão, etc.) abandonados em sua água corrente.
De forma tal, que, resolvi juntar o útil ao agradável e como forma de expressão artística e conscientização, fiz algumas fotos pela cidade buscando visualizar este problema, assim como também as soluções. Através da minha lente, busquei encontrar uma Ouro Preto diferente da que se vê nos livros e sites de roteiros turísticos, uma Ouro Preto reciclada. Sendo este o nome que eu dei para esta minha "exposição": Ouro Preto Reciclada. Abaixo vocês poderão ver o resultado de algumas destas fotografias e comentarem o que acharam. Qual o sentimento que lhes foi transmitido pelas imagens e como é enxergar esta "nova" Ouro Preto. Fiquem à vontade.

Fotos: Samir Antunes
Série Ouro Preto Reciclada:
I - Não Jogue Lixo Neste Local
II - Lavagem e Polimento
III - Favor não colocar o Lixo no Chão






















































terça-feira, 27 de julho de 2010

Tudo tem um Começo

Sempre fui um apaixonado pelas artes visuais. Adorava assistir a desenhos animados e me intrigava a forma como aquilo era capaz de acontecer. Como aqueles homens desenhavam tais coisas e faziam elas se movimentarem? De onde surgiam tamanhas ideias para criarem aquelas histórias engraçadas - a maioria tragicômicas?
Gostava também de admirar quadros, desenhos feitos a mão e foi aí que me peguei com aquela vontade súbita, que só se encontra nas crianças, de aprender a desenhar. Pegava os desenhos que me agradavam, a maioria de super heróis tirados de revistas em quadrinhos, e com aqueles cadernos de desenho que vinham com folhas de seda anexada a cada folha branca, tirava cola (mais conhecido como copiava) deles e depois coloria, achando desta forma que era autor de tais obras. De certa forma, isso me ajudou a desenvolver noções básicas sobre técnicas de sombreamento, profundidade, proporção e outras tantas de que se necessita para criar desenhos dignos de uma obra de arte. E desta forma fui evoluindo. Já não mais tirava cola, agora olhava as figuras que me agradavam e as reproduzia a olho nu. Ainda não eram as minhas próprias criações, mais já se aproximavam da perfeição que eu buscava e admirava em tais artistas.
Na escola, a atenção nas aulas começaram a competir com os rabiscos nos cadernos, buscando criar minhas próprias obras. Encontrava-se muito mais desenhos feito com minhas canetas esferográficas, as famosas Bic, do que as matérias passadas pelos professores. Das equações de matemática e fórmulas de física e química, só posso agradecer aos símbolos que elas traziam, pois estão muito presentes em minhas obras. Junto a estes desenhos, eram mescladas frases de efeito, criadas por mim ou extraídas de algum lugar. Tudo que me vinha à mente era colocado no papel.
Cheguei em um ponto de minha vida a atazanar minha mãe para que me colocasse em uma aula de desenhos, para conhecer profundamente esta arte tão fascinante, e ela sem muitas condições, se virou de tal jeito que lá estava eu matriculado. Fui então entusiasmado, com todo material a que tinha direito - régua, compasso, esquadro e etc - conhecer a dona Artumira, uma notável artista e professora de minha cidade. Com ela aprendi coisas que estão presentes até hoje em minhas telas. Pena que meus estudos duraram exatos duas semanas. Foi o tempo que tive até o dia em que dona Artumira me deu um esporro na classe, por ter feito não sei o que lá de errado. E como eu era muito novo e tímido, não quis mais voltar às aulas, coisa de que me arrependo até hoje.
Mas pensam que minha carreira se acabou aí? Que nada. Aquela vontade continuou me acompanhando e ficava eu pensando no quê poderia desenhar. O quê eu criaria de interessante e que me caracterizasse enquanto artista plástico. Que tipo de desenho era uma expressão única e exclusiva minha? Foi então que a famosa lâmpada dos desenhos animados surgiu em minha mente! Desenharia aquelas informações que me vinham a cabeça. As mesmas que eu desenhava e escrevia em meus tempos de ensino fundamental e médio usando canetas esferográficas, só que agora um pouco mais apuradas. Ao invés de caderno, uma folha canson; no lugar de minhas Bic, canetas a gel em preto e algumas em vermelho. Aí foi só juntar o que eu sabia, ao que aprendi em minhas épocas de cola com os saberes - ainda que rápidos - de dona Artumira e pronto! Finalmente eu realizava meu sonho de infância: era um desenhista de minha própria arte.
Não sou nenhum Picasso, Michelangelo ou Van Gogh, mas posso dizer que me orgulho do trabalho que realizo e que ele me mostrou que intempéries de um começo só fortalecem a bonança de seu fim.
Ao lado se encontra um destes meus trabalhos. Nele compartilho com todos vocês um pouco do que se passa em minha mente; minha vida; meu mundo.
Espero que apreciem e comentem.









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