quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Uma Breve História do Rock - The Rock is... Nevermind

Surgido na década de 50, celebramos atualmente quase 60 anos de Rock N' Roll. Durante todos estes anos vários artistas celebraram este gênero musical das mais diversas formas e estilos. Para quem não sabe, o Rock mantêm diversas variações de seu estilo (punk rock, hard rock, hardcore, etc.) e de tal forma também teve os seus altos e baixos.
No fim da década de 80, o Rock parecia estar recebendo a sua última pá de cal. Já não se ouvia rock como outrora. As bandas que surgiam não possuiam mais aquele conteúdo viceral com letras de protesto, muito menos líderes dispostos a lutar contra o sistema. O verdadeiro Rock N' Roll parecia estar no fim. Foi quando do meio do movimento grunge surge o Nirvana.
Fundada no ano de 1986 o grupo só começou a obter sucesso no início da década de 90 com o lançamento de seu primeiro álbum (Bleach). Com a formação clássica do Rock (guitarra, baixo e bateria) o Nirvana era formado por Dave Grohl (bateria), hoje no Foo Fighters, Krist Novoselic (baixo) e, a mente do grupo, Kurt Cobain (guitarra e vocal). Assim como a ave Phoenix, o Rock parecia ressurgir das cinzas com todas as suas forças, pronto para reinar por mais um longo período.
Em 1991 o álbum Nevermind (o segundo álbum da banda) é lançado e cai como uma bomba na imprensa musical, dilacera a mente dos adolescentes e todos respiram aliviados: o Rock não morreu. Nevermind bate todos os recordes da época e mantém alguns até hoje. A canção que abre o disco, Smells Like Teen Spirit, está entre as 20 melhores músicas da história, além de ser considerada a segunda melhor música dos últimos 20 anos. Nevermind havia vendido até 2009 cerca de 26 milhões de cópias e teve sua capa considerada a melhor da história da música, conforme pesquisa promovida pela revista eletrônica Gigwise.
Como tudo que é bom parece durar pouco, em 1994, contando com seis álbuns na carreira, o líder da banda, Kurt Cobain, se mata com um tiro na cabeça provocando uma onda de suicídios por parte de jovens que o idolatravam. Segundo a sua autópsia, Cobain teria heroína suficiente no organismo para morrer mais três vezes. Era o fim do Nirvana e do sonho de reinado do Rock por longos anos.
A banda acaba mas o seu legado fica, assim como a pergunta: o Rock morreu? Alguns dizem que "The Rock never die" (O Rock nunca morre), outros que ele só está vivo graças aos dinossauros do Rock. O que você acha? O certo é que, outra banda como o Nirvana não teremos tão cedo.

Baixe aqui o álbum Nevermind

Assista ao clipe da música Smells Like Teen Spirit

Abaixo a capa do álbum Nevermind, considerada a melhor capa da história da música:


Carta de despedida de Kurt Cobain:

Para Boddah
Falando como um simplório experiente que obviamente preferiria ser um efeminado, infantil e chorão. Este bilhete deve ser fácil de entender.
Todas as advertências dadas nas aulas de punk rock ao longo dos anos, desde minha primeira introdução a, digamos assim, ética envolvendo independência e o abraçar de sua comunidade, provaram ser verdadeiras. Há muitos anos eu não venho sentindo excitação ao ouvir ou fazer música, bem como ler e escrever. Minha culpa por isso é indescritível em palavras. Por exemplo, quando estou atrás do palco, as luzes se apagam e o ruído ensandecido da multidão começa, nada me afetava do jeito que afetava Freddie Mercury, que costumava amar, deliciar com o amor e adoração da multidão – o que é uma coisa que totalmente admiro e invejo. O fato é que não consigo enganar vocês, nenhum de vocês. Simplesmente não é justo para vocês e para mim. O pior crime que posso imaginar seria enganar as pessoas sendo falso e fingindo que estou me divertindo 100 por cento. Às vezes acho que eu deveria acionar um despertador antes de entrar no palco. Tentei tudo que está em meus poderes para gostar disso (e eu gosto, Deus, acreditem-me, eu gosto, mas não o suficiente). Me agrada o fato de que eu e nós atingimos e divertimos uma porção de gente. Devo ser um daqueles narcisistas que só dão valor às coisas depois que elas se vão. Eu sou sensível demais. Preciso ficar um pouco dormente para ter de volta o entusiasmo que eu tinha quando criança. Em nossas últimas três turnês, tive um reconhecimento por parte de todas as pessoas que conheci pessoalmente e dos fãs de nossa música, mas ainda não consigo superar a frustração, a culpa e a empatia que tenho por todos. Existe o bom em todos nós e acho que eu simplesmente amo as pessoas demais, tanto que chego a me sentir mal. O triste, sensível, insatisfeito, pisciano, pequeno homem de Jesus. Por que você simplesmente não aproveita? Eu não sei! Tenho uma esposa que é uma deusa, que transpira ambição e empatia, e uma filha que me lembra demais como eu costumava ser, cheia de amor e alegria, beijando todo mundo que encontra porque todo mundo é bom e não vai fazer mal a ela. Isto me aterroriza a ponto de eu mal conseguir funcionar. Não posso suportar a idéia de Frances se tornando o triste, autodestrutivo e mórbido roqueiro que eu virei. Eu tive muito, muito mesmo, e sou grato por isso, mas desde os sete anos de idade passei a ter ódio de todos os humanos em geral. Apenas porque parece muito fácil se relacionar e ter empatia. Apenas porque eu amo e sinto demais por todas as pessoas, eu acho. Obrigado do fundo de meu nauseado estômago queimando por suas cartas e sua preocupação ao longo dos anos. Eu sou mesmo um bebê errático e triste! Não tenho mais paixão, então lembrem, é melhor queimar do que se apagar aos poucos. Paz, Amor, Empatia. Kurt Cobain.
Frances e Courtney, estarei em seu altar. Por favor, vá em frente, Courtney, por Frances. Pela vida dela, que vai ser tão mais feliz sem mim.
EU TE AMO, EU TE AMO!



quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Incentivo Não Muito Incentivador


Nos tempos de hoje, viver - ou até mesmo sobreviver - da arte se tornou o sonho de todo artista. Todos que trabalham com arte, seja ela qual for, sabem o quão pouco é valorizado o trabalho artístico em nosso país. "Ir ao teatro pra quê?" questionam pais de família; "Aprender artes não vai ajudar em nada na minha vida.", afirma a aluna; "Balet que nada! Você vai é trabalhar!" impõe a mãe; "Arte é coisa de vagabundo, de maconheiro..." decreta a sociedade. Por essas e outras, que conseguir um icentivo para desenvolver um trabalho artístico ficou tão difícil.
Com o surgimento da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (digo a do estado de Minas Gerais, pois não tenho conhecimento das outras) a vida do artista parecia estar mudando de rumo. Uma dignidade maior estava a caminho. O governo liberaria parte do ICMS das empresas para que elas incentivassem a cultura (qualquer tipo de cultura, não só a artística) no estado e dessa forma ainda, se benefeciarem com a divulgação de sua marca. Para ser beneficiado pela lei, o proponente (pessoa que deseja realizar uma atividade cultural) deve formular um projeto e enviar a Secretaria de Cultura do estado e a partir daí, torcer para que seu projeto seja aprovado. Após a aprovação, cada proponente deve entrar em contato com empresas com potencial de incentivo para que elas liberem a verba e aí é só fazer aquilo que sabe: trabalhar.
Com o tempo, os artistas foram vendo que a coisa não era bem assim. O sonho de ter um incentivo para realizar seu projeto e viver dignamente de seu trabalho estava virando um pesadelo. Descobriu-se que aprovar um projeto na lei era fácil, o difícil era conseguir a captação de recurso junto às empresas. Não basta ter um projeto aprovado, você deve convencer a empresa de que incentivar seu trabalho é bom para ela (como se já não fosse bom o fato dela ter seu nome vinculado a um projeto o qual ela, de certa forma, nem retiraria dinheiro de seus cofres). As empresas então começaram a escolher projetos que a beneficiam diretamente, que falem daquilo que ela deseja. Por exemplo, se você tem a intenção de montar um espetáculo que questione o desmatamento e o uso de substâncias poluentes por algumas indústrias, você dificilmente conseguirá incentivo para seu trabalho. Para ter certeza de que irá conseguir a tal captação, o artista precisa se "prostituir", buscando fazer projetos que exaltem a colaboração de empresas para o meio ambiente e seus projetos de sustentabilidade que, no caso de algumas, sabemos que é apenas uma fachada para ludibriar a população e o governo. Projetos já estáveis e artistas renomados, que conseguem se manter bem sem estes incentivos, passaram também a ser o alvo destas empresas para liberarem o incentivo. Não que estes artistas não mereçam receber também este apoio. Eles são reconhecidos justamente por terem trabalhado muito e merecem desfrutar disso agora. O que acontece é que nenhuma empresa parece querer vincular seu nome a um artista desconhecido e também não fazem a menor questão de conhecer o seu trabalho, para desta forma julgar se ele é digno ou não de tal apoio.
Não é difícil (pelo contrário, é muito fácil) encontrar proponentes com os olhos brilhando ao verem seu nome na lista de aprovados da lei de incentivo - eu mesmo já fui um mais de uma vez - e abaixo aquela cifra considerável para a realização de seu sonho, porém os sorrisos de alegria do artista pela aprovação de seu projeto na lei acaba sendo ofuscado pela decepção ao fim do ano ao não conseguir o tão desejado apoio. Mesmo recorrendo à empresas que trabalham exclusivamente com essa parte de captação (e recebem uma parte do projeto aprovado), o fim da maioria é perda do projeto.
Que este desabafo sirva de alerta para a classe artística, e porque não dizer cultural, que se sente prejudicada ou desmotivada a relizar seu trabalho tão fundamental, como qualquer outro, à sociedade. Todos precisam se unir para que este quadro se reverta. O artista tem de ter sua própria voz, criar a sua arte questionadora e não ser alvo de censura através de um dinheiro atravessado pelas empresas. Da mesma forma, as empresas devem começar a enxergar nos artistas parceiros e um "trampolim" para relacionar a sua empresa como incentivadora da arte e cultura no país. E, por fim, o governo precisa rever seus conceitos e reformular suas leis, para benefício da população, que é para quem ele trabalha.
Vamos manter a arte e a cultura de nosso país. Elas fazem parte de nossa educação e são também a nossa memória.

Leia este artigo e outras notícias através do jornal virtual Via Fanzine

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Clockwork Orange

Nunca um diretor de cinema foi tão genial ao ponto de sintetizar a alma humana e ao mesmo tempo prever um futuro tão egocentrista quanto Stanley Kubrick em seu clássico Clockwork Orange (Laranja Mecânica). Um filme arrebatador, divertido e fascinante. O que não faltam são adjetivos para classificá-lo.
Produzido no ano de 1971, o filme conta a história do jovem Alex (interpretado brilhantemente por Malcom McDowell) e sua gangue, que saem disseminando "ultra-violência" por onde passam. Roubo, espancamento, estupro, nada é tabu para ele e seus "drugues".
O que causa mais fascínio é o fato de que o mesmo delinquente se torna vítima do sistema, através de mecanismos políticos, religiosos, familiares e educacionais. Alex se torna cobaia de um experimento científico que visa acabar com a violência fazendo com que o indivíduo não possa utilizar do seu livre arbítrio.
Para criar toda esta trama, Kubrick cria uma sociadade atemporal em um lugar fictício criando também uma juventude com suas próprias gírias e ideais, fazendo com que o espectador se envolva com a trama passando a conhecer a mente deste jovem e, assim como descreveu platão em sua Arte Poética, sinta temor e compaixão. Ao mesmo tempo que Alex é o vilão da história, ele também se torna o mocinho. Pode-se perceber que ao mesmo tempo que ele é o causador de toda uma onda de perversão social, ele também é ultrajado por aqueles a quem ele feriu (fisicamente ou moralmente) e alvo de vingança da sociedade. O diretor levanta uma questão naquela época, que até hoje nos acompanha: O cidadão é fruto do meio em que vive?
A trilha sonora, chefiada por Ludwig Van Beethoven, faz com que a "viajem" seja ainda mais prazerosa e alucinógena.
Com quatro indicações ao Oscar, o filme foi vencedor dos prêmios de Melhor Filme e Melhor Direção da Associação dos Críticos de Cinema de New York.
Um filme tão magnífico e marcante que inspirou e influenciou vários outros artistas. Até hoje vemos a marca da Laranja Mecânica em várias obras.
Obrigatório a todos. Bom filme!
Assista o trailer do filme
Baixe a trilha sonora de Clockwork Orange

Abaixo alguns temas inspirados em Clockwork Orange