quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Destino - Uma Produção de Salvador Dalí e Walt Disney


Destino é o storyboarderd lançado pelos estúdios Disney em 2003 que teve como parceria John Hench e o pintor surrealista Salvador Dalí.
O curta-metragem foi idealizado em 1945 e durou oito meses, indo até 1946, porém a produção cessou pouco tempo depois devido a problemas financeiros enfrentados pela Walt Disney Studios durante a II Guerra Mundial. Hench compilou um teste de curta de animação de 17 segundos na esperança de reacender o interesse da Disney no projeto, mas a produção já não era considerada economicamente viável e colocaram um hiato por tempo indeterminado.
Em 1999, enquanto a Disney trabalhava no filme Fantasia 2000, o projeto vou trazido novamente a vida. A Disney Studios França, uma pequena empresa parisiense foi trazida a bordo para completar o projeto. O curta foi produzido por Blake Bloodworth e dirigido pelo animador francês Dominique Monfréy em seu primeiro papel como diretor.
Destino estreiou em 02 de junho de 2003 no Festival Internacional de Cinema de Annecy Animated em Annecy, França. O curta de seis minutos conta a história de Chronos e o amor malfadado que ele tem por uma mulher mortal. A história passa por danças do sexo feminino com o cenário surreal inspirado por pinturas de Dalí. Não há diálogo, mas a trilha sonora preenche esta lacuna com músicas do compositor mexicano Armando Dominguez.
Além dos vários prêmios recebidos, o curta ainda foi indicado ao Oscar 2003 na categoria de Melhor Curta de Animação.
Simplesmente uma mágica animação onde a clássica experiência em filmes musicais da Disney, mas com um enredo previsível, se rende ao surrealismo de Salvador Dalí.
Confira o curta. Reparem que ao final, durante os créditos, são apresentadas as obras de Dalí que inspiraram o filme.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Saturnais ou "A Invenção das Festas de Fim de Ano"


Com as festas de fim de ano próximas, é muito comum vermos (e até mesmo participarmos) de amigos ocultos, amigos chocolate e diversos outros conhecidos por aí.
Desejar que coisas boas aconteçam no próximo ano e esperar que tudo melhore no ano que vai nascer, já faz parte do pacote vindo de fábrica do ser humano, projetado por Deus (seja ele quem for). O espírito natalino paira constantemente no ar.
No meio de toda esta festividade, envolvendo presentes natalinos, champagne (ou cidra sabor maçã, para os mais humildes), roupas brancas - se for íntima, tem uma cor específica para o seu desejo de ano novo - e fogos de artifício, alguém já parou para pensar de onde tudo isso veio e o porquê?
Pois bem, a minha teoria é que toda essa cultura que nos cerca, principalmente povos ocidentais, provém da Roma Antiga, nas festas em honra ao deus Saturno (Cronos na mitologia grega) denominadas Saturnais ou Saturnálias.
Para que se familiarizem com esta festividade do século 217 a.C., aí vai um pouco da sua história.

Saturnais ou Saturnálias Romanas

As Saturnais era um festival romano em honra ao deus Saturno que ocorria no mês de dezembro, no solstício de inverno (era celebrada no dia 17 de dezembro, mas ao longo dos tempos foi alargada à semana completa, terminando a 23 de dezembro). As Saturnais tinham início com grandes banquetes e sacrifícios; os participantes tinham o hábito de saudar-se com Io Saturnália, acompanhado por doações simbólicas. Durante estes festejamentos subvertia-se a ordem social: os escravos se comportavam temporariamente como homens livres; elegia-se, à sorte, um "princeps" - uma espécie de caricatura da classe nobre - a quem se entregava todo o poder. Na verdade a conotação religiosa da festa prevalecia sobre aquela social e de "classe". O "princeps" vinha geralmente vestido com uma máscara engraçada e com cores chamativas, dentre as quais prevalecia o vermelho (a cor dos deuses). As Saturnais emulavam essa idade dourada e, durante esse período, suspendiam-se temporariamente as actividades comerciais, fechavam-se escolas, o Senado ou os tribunais, permitia-se todo o tipo de jogos de azar e apostas e era habitual oferecer-se saquinhos de nozes, velas ou pequenos bonecos de argila. O povo esperava-as ansiosamente.
A Saturnal reunia as comemorações pelo fim do ano agrário e religioso, somados também ao fim de um ano “velho” e início de outro novo, enchendo os romanos de esperanças e expectativas quando as próximas colheitas e o ano que começava. Além disso, rememoravam os tempos da Idade de Ouro, em que havia abundância e igualdade. Era uma festividade bastante comemorada, sendo uma das mais populares em Roma. Afinal, a agricultura era a atividade que estava na base dessa sociedade – meio de subsistência para os camponeses e fonte de renda para a elite.
Durante sua comemoração faziam-se sacrifícios a Saturno e a estátua do seu templo tinha, simbolicamente, fios de lã retirados dos seus pés para representar sua libertação. Depois dos sacrifícios, tinha início o banquete público, que parece ter se iniciado em 217 a. C, segundo Tito Lívio. Banquetes em que a imagem do deus Saturno era colocada junto à mesa – lectisternium – também podem ter ocorrido. Dava-se início, então, às festas e divertimentos.
Os assuntos mais sérios deveriam ser tratados na parte da manhã e à noite, durante o banquete, enquanto bebiam, deveriam falar dos assuntos mais leves e levianos. Esses dias deveriam ser de alegria. Faziam-se piadas e jogos de azar eram realizados pelas ruas, os quais eram proibidos no restante do ano.
Um costume comum na Saturnália era visitar os amigos e trocar de presentes. Os presentes eram as sigillaria, pequenas figuras de terracota ou prata ou ainda velas de cera, representando a luz na escuridão.
O que muitos autores destacam é a inversão da ordem durante a comemoração em honra a Saturno. Todos os homens, escravos ou cidadãos, ficavam em igualdade. As barreiras jurídicas eram ficticiamente abolidas. Os escravos, portanto, não precisavam trabalhar, podiam se vestir como seus senhores, participar das refeições e jogar dados. Os tribunais eram fechados e com a consequente ausência de leis, não estariam transgredindo a ordem de fato. Essa inversão de valores teria ocorrido apenas na República, segundo Airan dos Santos Borges, que completa ainda escrevendo que “os soldados travestidos escolhiam o rei das saturnais dentre os condenados através de dados. Este rei usaria as insígnias de sua dignidade como o rei dos gracejos e deboches. Após o festival o rei é morto e tudo volta à ordem.”

E você, compartilha da minha teoria ou é contrário. Seja qual for sua opinião, poste-a nos comentários e aproveite bem sua Saturnália, ou melhor dizendo, tenha um ótimo ano novo.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

TEATRO E MERDA


Todo mundo que trabalha com teatro ou que está diretamente ligado a esta magnífica arte, já deve ter ouvido a expressão "Merda" sendo dita aos atores - ou até mesmo entre eles - antes de começarem a apresentação. O que grande parte do público em geral (e até mesmo alguns artistas) não deve saber, é como surgiu tal expressão.
Existe mais de uma versão sobre o tema, até mesmo uma envolvendo a figura do bardo inglês, William Shakespeare, porém a mais plausível e que acredito ser a mais correta é a seguinte.
Durante o século XIX, mais precisamente na França, o público costumava comparecer aos teatros em suas carruagens ou montados em seus cavalos e mantinham suas locomoções por ali, desde o abrir das cortinas até o final do espetáculo. Como chegavam um pouco antes das apresentações, os arredores do edifício teatral ficava habitualmente todo cheio de estrume (merda) dos animais, empestiando o ar das redondezas. Para saberem se a apresentação haveria um bom público, os atores se baseavam na quantidade de merda que havia do lado de fora: quanto mais merda, maior o público. A partir daí, as companhias passaram a desejar "merda" uns aos outros, como sinal de boa sorte, antes de cada apresentação.

Texto originalmente publicado no blog do Grupo Peripatéticos.