Desde criança já cultivo esta minha paixão pelo teatro. Assim como todo ator profissional, um dia já fiz teatro na escola, na igreja, em gincanas de bairro, o chamado teatro amador.
Em 1995, meu sonho de participar de um grupo teatral se realizou. A partir de uma oficina que havia feito, fui convidado a entrar para em tal grupo e ainda participar de sua nova montagem, que estava prestes a estrear. Não poderia haver notícia melhor: iria subir em um palco de teatro pela primeira vez. Apresentar para uma plateia que havia pago para nos ver.
Mesmo assim, descobri que eu e meu grupo não éramos profissionais. Ainda não vivíamos de tal profissão - e nem tínhamos o bendito registro profissional. Mas isso pouco importava a mim e a meus colegas de grupo. Começamos a montar esquetes por conta própria, para apresentarmos em um festival anual que acontecia na cidade, fizemos um grupo paralelo ao nosso e mandamos ver. Era impressionante o "profissionalismo" que todos tinham ao levantar cedo, até mesmo em fins de semana, para comparecer aos ensaios. Confeccionávamos nossos próprios figurinos, textos, cenários e apresentávamos como se aquilo fosse a coisa mais importante do mundo naquele momento - e era. Ganhar?! Que nada. Até ganhamos alguns bons prêmios. Mas não era isso que importava. O que valia, era o fato de estar ali; o fato de poder dizer algo às pessoas que foram nos prestigiar e a sensação de estar fazendo história. E foi em uma dessas montagens que surgiu o Armazém de Idéias - na época ainda com acento. Um monte de moleques se divertindo em cima do palco, contando suas aventuras, sonhos, paixões e desilusões. Essa apresentação foi um divisor de águas em minha vida e na de meus amigos, acredito eu. Foi tão marcante em minha vida, que hoje tenho este blog e o nome não podia ser outro que não Armazém de Ideias - já sem o acento.
Hoje sou profissional, graduado e com o famoso papelzinho na carteira de trabalho que me define como tal. Ainda busco viver com mais dignidade de profissão tão nobre e desvalorizada nesse país, porém não perco aquela chama das épocas de "amador", pois é ela que me sustenta ainda para seguir em frente.
Quero neste momento parabenizar a todos os amadores - assim como eu e meus amigos fomos -que fazem teatro com prazer e se divertem fazendo isso. Continuem sendo amadores no termo, mas profissionais na vontade de atuar, mesmo que lhes digam que não o são.
Os atores da esquete Armazém de Idéias: Júnior Fonseca, Tiago Quites, Aldair Silva, Cleimar Menezes, Osvaldo Soares, Bruno Assunção e Samir Antunes.
Felizes amadores.