Você já inventou estórias para seus amigos tão maravilhosas, fantásticas e geniais, que em determinados momentos chegou a se perguntar se elas realmente eram fantasiosas ou a mais pura verdade? Já ouviu casos curiosos, mas que, com a devida pitada de imaginação poderiam ficar bem mais apreciáveis aos ouvidos da platéia presente? Você já leu um livro ou assistiu a um espetáculo teatral, que de tão formidável a história passou a se sentir uma personagem dela e acreditar que era possível realizar todos aqueles feitos heróicos, descomunais, vis, extraordinários, e até mesmo patéticos, criados por seu autor?
Se fizermos todas estas indagações a uma criança, provavelmente ela saberá muito bem do que elas se tratam, mas terão dificuldade em compreender qual a razão de inúmeras questões, visto que seria óbvio e – o que é ainda melhor – extremamente divertido poder ser mais que uma simples pessoa, que trabalha para pagar suas dívidas todo o fim de mês, poder ser fantástico; ser vilão e mocinho; acreditar que é o pirata ou mesmo o garoto perdido que não queria crescer. Que estupendo poder se encontrar no País das Maravilhas só para poder ficar minúsculo, como uma formiga, e de repente gigante, como moinhos de vento! A criança é um contador de estórias em potencial; um verdadeiro pescador que joga a sua isca, e quando menos esperamos, estamos fisgados por sua pureza.
Diante de tudo isso, me deparo em mais uma indagação: Por que os adultos não conseguem ter este tipo de imaginação? Ou melhor: Por que lhes é vedado ter uma mente ainda tão infantil? Não o infantil das irresponsabilidades ou da imaturidade, mas o infantil do divertimento; da fantasia; da beleza nas coisas pequenas; da alegria que transforma a vida daquele que caiu em tristeza. A seriedade do dia-a-dia bloqueou a sensibilidade adulta. Construímos muros ao invés de pontes.
Se você é adulto e suas respostas para todas aquelas indagações iniciais são um SIM, não perca esta luz que você carrega e dissemine-a por todos ao seu redor, para que eles também aprendam como é bom enxergar além dos concretos que nos cercam. Agora, se suas respostas forem um não... Conviva mais com as crianças. Aprenda com elas como podemos ser vários e continuar sendo nós mesmos. Veja como a vida pode ser mágica sem perder a seriedade. Afinal, você quer ser autor apenas de sua vida, ou personagem na vida de milhares de outras pessoas?
Samir Antunes
Leia Alice no País das Maravilhas pela internet ou baixe: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/alicep.html
Leia também Indagações Acerca de nossa Imaginação no jornal virtual Via Fanzine.
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